O código da extração de dados está disponível em https://github.com/drin-lab/IPCA
O termômetro oficial da inflação no Brasil é o IPCA – o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA). Esse índice é medido mensalmente para identificar a variação dos preços no comércio. De um modo geral, na verdade, o IPCA ajuda também a entender a temperatura da economia como um todo.
Quem calcula o IPCA é o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas) , usando como base uma cesta com cerca de 350 produtos e serviços, além da cotação do dólar, de custos de produção e mão de obra. Como os produtos e serviços de uma economia são precificados pela lei da oferta e demanda, quando algum produto ou serviço tem muita procura, mas pouca disponibilidade, o preço dele sobe. Assim, a alta dos preços de produtos e serviços é puxada por sua alta demanda.
É neste momento em que o dólar entra na equação. Um dólar baixo favorece as importações e o aumento do consumo. Além do que o próprio dólar também é uma mercadoria. E uma cotação baixa favorece sua compra para negociação posterior no mercado financeiro. Além disso, o dólar influencia custos de produção e importações. Por fim, o impacto de altas do dólar sobre o nível de inflação também inclui o repasse cambial para os preços – conhecido na economia como efeito ‘pass-through‘. Isto acontece quando os empresários repassam para suas mercadorias a alta do dólar.
Todos estes fatores juntos levam a alta da inflação Enfim, altas no câmbio normalmente impactam a inflação brasileira. Em 2015, por exemplo, quando o aumento dos preços ficou em 10,67% no ano, o dólar havia iniciado o ano a R$ 2,69 e fechou a R$ 3,90.
O caso do Brasil
Normalmente, numa situação de dólar em alta e Selic baixa – a taxa de juros básica nominal da economia, haveria uma alta dos preços de produtos e serviços. Mas apesar disso, a inflação segue dentro da meta estipulada pelo Banco Central.
Fica claro que outro fator pesa ainda mais nesta equação da inflação de preços de produtos e serviços: a própria demanda por eles. Se não há demanda, os preços caem mesmo. E o cenário econômico brasileiro tem demonstrado que a alta do dólar afeta a inflação dependendo do período econômico.
Se a economia está menos aquecida, com baixa utilização da capacidade instalada e maior desemprego, a influência do dólar nos níveis de inflação será bem menor do que em períodos de economia pujante.